Os bitcoins que estiveram adormecidos durante mais de uma década estão finalmente prestes a aprender a “gerar rendimento”. A colaboração recentemente anunciada entre a Babylon e a Aave pode reescrever diretamente as regras do jogo dos empréstimos DeFi.

Afinal, o que é que isto significa? Em três frases:

Primeiro, o teu bitcoin nativo não precisa de sair do sítio; fica diretamente bloqueado no mecanismo de segurança da Babylon e pode ser usado para pedir emprestado stablecoins reais ou outros ativos na plataforma Aave V4.

Segundo, elimina-se totalmente o intermediário. Antes, tinhas de converter BTC em WBTC, ou depositá-lo numa plataforma centralizada de custódia — agora esses passos complicados desaparecem. O BTC nativo entra diretamente no jogo, evitando tanto o risco das pontes cross-chain como o risco de custodiante fugir com os fundos.

Terceiro, já há datas: lançamento oficial em abril de 2026. No primeiro trimestre do próximo ano, arranca a testnet; se a comunidade votar a favor, começa a valer.

Onde está o potencial disruptivo deste “combo” de inovações?

O valor de mercado total do Bitcoin é de 1,7 biliões de dólares, e neste momento a grande maioria está parada — os detentores ou guardam a longo prazo, ou só conseguem fazer algumas operações limitadas em plataformas centralizadas. Se esta colaboração realmente funcionar, mesmo que apenas 10% do BTC participe, são 170 mil milhões de dólares de nova liquidez a entrar no ecossistema DeFi.

Para as instituições tradicionais, as questões de custódia e conformidade são o maior pesadelo. Agora, com a possibilidade de usar BTC nativo diretamente como colateral e com um enquadramento regulatório claro, os departamentos de controlo de risco de Wall Street vão ter de reavaliar as suas estratégias de entrada.

O mercado atual de empréstimos BTC está praticamente monopolizado por plataformas centralizadas, onde as taxas de juro e o cálculo de risco são uma verdadeira caixa preta. Assim que o modelo de empréstimo peer-to-peer on-chain amadurecer, a transparência e eficiência vão esmagar o modelo antigo — pelo menos, em teoria.

Mas olhando com cautela para os riscos:

2026 parece já ali, mas na verdade, nestes dois anos pode acontecer de tudo no mundo cripto. Vulnerabilidades em smart contracts, mudanças repentinas na regulação, falhas técnicas — qualquer uma destas variáveis pode fazer este grande navio encalhar a meio da viagem. Por mais entusiasmante que seja a narrativa tecnológica, pode não passar de promessas vazias para alimentar o mercado.

Portanto, fica a questão: achas que isto vai mesmo acontecer em 2026? Vais já acumular mais BTC à espera dos juros, ou preferes esperar até ao último momento?

Eu, pelo menos, espero que o Bitcoin possa finalmente passar de ouro digital silencioso a capital que gera rendimento. Agora, se vai pôr ovos de ouro ou ovos podres, só o tempo dirá.