Esta semana, há apenas uma coisa na mira dos traders mundiais: como é que Powell vai abrir a boca.

Corte de 25 pontos base? Por amor de Deus, isso já não é segredo para ninguém. Mas pensas mesmo que a Fed está pronta para dar doces com gentileza? Não sejas ingénuo. Desta vez, estão a jogar o jogo do “dar com uma mão e esfaquear com a outra” — e o mercado pode estar a ser empurrado para um buraco ainda mais fundo.

O que realmente mata nem é o corte em si, mas sim três facas suspensas sobre as nossas cabeças:

Primeiro, até que ponto vai ser suave a linguagem sobre “inflação” no comunicado de política? Cada palavra é um sinal.
Segundo, será que o gráfico de pontos vai mostrar logo as cartas — acabou-se por este ano?
Terceiro, na conferência de imprensa de Powell, até uma pausa ou uma cara franzida podem desencadear uma venda em pânico.

Ainda mais insólito: uma reviravolta fora do guião — um sismo de magnitude 7.6 no Japão. O USD/JPY disparou para 156 no momento; este desastre natural não só derrubou prédios, como também reduziu a pó o plano de subida de juros que o Banco do Japão preparava há uma década. O capital global está agora a ser redistribuído à pressa.

Olha para o cenário: ações e obrigações dos EUA aos saltos, responsáveis do BCE a falar em “possível subida de juros” contra a corrente, Brasil, Suíça e Austrália todos parados a ver o que acontece. Todos os traders têm a mesma legenda escrita na cara: este corte de juros não tem nada a ver com salvar os mercados, é o “teste de sobrevivência” da Fed para o mundo inteiro.

O mais estranho é que as expectativas do mercado estão completamente divididas. Uns apostam num pouso suave da Fed, outros já sentem o cheiro a estagflação dos anos 70. Se houver dois votos contra na decisão, hoje à noite prepara-te para ver sangue a correr.

Resumindo:
Um corte de juros histórico coincide com um sismo raro de uma década — achas mesmo que isto é coincidência? Isto é um stress test extremo para o sistema financeiro na nova era. O microfone na mão de Powell vale dez mil vezes mais do que a política de corte em si.