A blockchain pode reduzir os custos das hipotecas? CEO da Figure: Provámos que é possível

A Figure tornou-se, nos últimos anos, uma das startups mais observadas no setor das fintech, sendo uma empresa de tecnologia para mercados de capitais fundada por uma equipa com profunda experiência em finanças e tecnologia, dedicada a remodelar a infraestrutura dos mercados financeiros tradicionais através da blockchain. A tecnologia central da Figure gira em torno da gestão de ativos on-chain, possibilitando que ativos do mundo real, como hipotecas, fluam a custos mais baixos e maior rapidez graças a estruturas de dados padronizadas e imutáveis, atraindo investidores institucionais. Desde a sua fundação, a empresa já tokenizou cerca de dezoito mil milhões de dólares em ativos, tendo conquistado uma posição dominante nos mercados privados de crédito e hipotecas, bem como a classificação máxima AAA das agências Standard & Poor’s e Moody’s. Em setembro de 2025, a Figure foi cotada com sucesso, tornando-se uma das empresas de blockchain mais representativas do mercado de capitais dos EUA.

Na entrevista ao NY Post, o apresentador William Zimmerman e o CEO da Figure, Michael Tannenbaum, discutiram em profundidade como a Figure está a remodelar o processo de concessão de hipotecas com tecnologia blockchain, a impulsionar a modernização dos mercados de capitais e de que forma políticas, regulamentação e ambiente de mercado têm promovido a rápida adoção da blockchain no setor financeiro.

Blockchain acelera aprovação de créditos habitação, reduzindo custos e processos

Tannenbaum começou por explicar as diferenças de eficiência com dados concretos, apontando que o custo de processamento de uma hipoteca na Figure ronda os 1000 dólares, enquanto na indústria tradicional atinge em média 12 000 dólares — uma poupança de mais de 90%. O tempo de processamento também desceu, de uma média setorial de 45 dias para cerca de 5 dias. Esta eficiência não se deve apenas à automatização, mas sim ao elevado nível de padronização em toda a cadeia transacional ao ser transferida para a blockchain. Explicou que, quando os dados do empréstimo e a sua titularidade são registados de forma imutável na blockchain, todas as operações subsequentes — transações, transferências, avaliações, auditorias, etc. — podem seguir processos padronizados, aumentando drasticamente a liquidez e a transparência do mercado.

Zimmerman destacou que, apesar da frequente discussão sobre tokenização financeira em Wall Street e pela Reserva Federal, há poucos agentes de escala real. A Figure processa quase mil milhões de dólares em hipotecas e outros ativos todos os meses, detendo cerca de 75% de quota no mercado de tokenização de ativos do mundo real, com ainda maior liderança no crédito privado. Até à data, a empresa já tokenizou quase dezoito mil milhões de dólares de ativos no seu sistema, recebendo classificação AAA de agências internacionais de rating, provando que a arquitetura blockchain não só funciona como cumpre os padrões de risco das instituições tradicionais.

Figure beneficia do Genius Act e entra em bolsa sem obstáculos

Sobre a entrada em bolsa, Zimmerman questionou se a Figure teria conseguido cotar-se nos mercados sob o ambiente regulatório de há alguns anos. Tannenbaum afirmou que o modelo de negócios da empresa é suficientemente flexível para crescer sob qualquer governo, mas reconheceu que a atual administração Trump tem mostrado forte intenção de posicionar os EUA, e Nova Iorque em particular, como centro de blockchain e ativos digitais, proporcionando um ambiente favorável e maior clareza regulatória para o IPO da Figure. Referiu o GENIUS ACT (( Genius Act, nova legislação sobre regulação de stablecoins) como exemplo de políticas que transmitem ao mercado um sinal claro: os mercados de capitais on-chain não são mais um experimento, mas sim a próxima etapa evolutiva da infraestrutura financeira. Brincou, dizendo que há um ano, falar de blockchain no conselho de administração era visto como algo excêntrico, enquanto agora, não o fazer é considerado ultrapassado.

A entrevista abordou ainda outros tipos de empréstimos, como crédito estudantil e automóvel. Tannenbaum afirmou que a Figure já realizou projetos piloto nestas áreas, comprovando a viabilidade técnica, e está a procurar parceiros para escalar. Sublinhou que o verdadeiro objetivo da empresa não é apenas as hipotecas, mas construir uma infraestrutura padronizada de mercados de capitais para todos os RWA (Real World Assets) poderem ser tokenizados.

Blockchain torna crédito habitação mais barato e acesso a home equity mais fácil

Sobre as preocupações principais dos consumidores — custos de habitação e taxas de juro —, Tannenbaum referiu duas estratégias diferenciadoras da Figure. Primeiro, a redução drástica dos custos de concessão de crédito, permitindo que a taxa de juro final reflita encargos muito mais baixos nos bastidores; segundo, facilitar o acesso a crédito sobre o valor líquido da casa. Atualmente, há cerca de 35 biliões de dólares de home equity não liquidado nos EUA, concentrados sobretudo nos estados de maior valorização imobiliária. A Figure utiliza processos digitais para facilitar o acesso dos residentes dessas zonas e lançou o produto Intella Debt, que permite aos consumidores usar o valor líquido da casa para pagar dívidas de alto juro. Segundo dados da empresa, os utilizadores que fazem esta transição veem a sua pontuação de crédito subir em média 30 pontos, mostrando uma melhoria clara na saúde financeira das famílias.

Tannenbaum explicou que, no passado, as operações de crédito dependiam fortemente de papelada, processos manuais e avaliações caso a caso, exigindo nova assinatura e due diligence a cada transação, o que era altamente ineficiente. A Figure, em conjunto com 200 parceiros, utiliza um modelo padronizado e sincronizado on-chain, unificando todos os processos, dados e métodos de avaliação, tornando as transações quase tão fluidas como comprar ações na NYSE ou no Nasdaq.

Sobre o posicionamento pós-IPO, Tannenbaum considera que a entrada em bolsa é um marco de visibilidade, mas o crescimento da Figure está apenas a começar. Do crédito privado e hipotecas ao mais vasto mercado de capitais, o mercado potencial ascende a 1,8 biliões de dólares. Destaca que, se a infraestrutura financeira se digitalizar totalmente, a blockchain será indispensável como base, e a Figure está a construir esse futuro.

Toda a entrevista evidencia o conceito central da Figure: dar aos ativos do mundo real (RWA) uma forma digital programável, rastreável e líquida. Quando a infraestrutura padronizada on-chain estiver estabelecida, a velocidade, transparência e estrutura de custos dos mercados financeiros vão transformar-se de forma geracional. Para a Figure, isto não é apenas um negócio, mas um passo essencial para a próxima geração de infraestruturas do mercado de capitais.

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