De Bitcoin a Ethereum: o estado atual do desenvolvimento da Descentralização

Recentemente (cerca das 10h do dia 20 de outubro, hora do leste dos EUA), o serviço de nuvem da Amazon sofreu uma grande falha, o que afetou gravemente muitos sistemas de blockchain no ecossistema de encriptação, incluindo o Ethereum.

Dados relevantes mostram que cerca de 37% dos nós da mainnet Ethereum estão hospedados na Amazon Cloud, portanto, esses nós também se tornaram vítimas deste incidente de queda. A desativação desses nós também prejudicou o desempenho da mainnet Ethereum.

Assim, muitas pessoas na internet começaram a concordar: “A descentralização do Ethereum é falsa”.

Eventos como este e suas possíveis consequências eram frequentemente discutidos no início da ecologia de encriptação. Lembro-me de que quando entrei na ecologia de encriptação, li muitos artigos sobre isso. Os veteranos da época já tinham explicações bastante claras sobre essas questões, por isso, naquela época, tais perguntas não geravam tanta concordância.

Com o passar do tempo, talvez os antecessores de antigamente já tenham deixado este ecossistema ou talvez já não queiram mais perder palavras com esse tipo de assunto (como disse Satoshi Nakamoto, quem entende, entende; quem não entende, ele não tem tempo para convencer os outros a entenderem). Agora, quando essa situação aparece, eu basicamente não vejo na internet um feedback e uma resposta mais detalhados sobre esse tipo de concordância.

Depois de tantos anos, muitas novas forças entraram neste ecossistema. Eles não têm a mesma sorte que eu tive na época, não conseguem entender as explicações dos pioneiros sobre essa questão. Não quero que essas novas forças sejam enganadas por essa condescendência, então neste artigo farei o meu melhor para compartilhar minha compreensão e visão sobre essa questão.

Primeiro, a opinião geral:

• Quer seja Bitcoin ou Ethereum, a sua grandeza reside na criação de um mecanismo disruptivo. Este mecanismo pode evitar falhas fatais de ponto único em sistemas centralizados tradicionais, enquanto também garante que, mesmo que os nós do sistema sejam atacados em grande escala, o sistema apenas apresentará uma diminuição de desempenho e não falhará completamente.

• A “descentralização” que discutimos não garante que os nós em si não sejam sequestrados ou controlados por centralização, mas sim que, mesmo que os nós sejam sequestrados e controlados por centralização, até utilizados para atacar o sistema, o sistema não ficará fora do ar; tal sistema pode ser considerado livre do controle centralizado, capaz de ser tecnicamente neutro e confiável.

- Para alcançar uma descentralização ideal, os nós precisam evitar ao máximo o controle centralizado e a interferência centralizada. No entanto, essa descentralização não cai automaticamente do céu, nunca será perfeita e sempre exigirá que gerações de participantes se esforcem e melhorem continuamente.

O Bitcoin deve seguir esse caminho, e o Ethereum também deve seguir esse caminho.

De certa forma, o Ethereum precisa se esforçar e evoluir mais nesta área, pois o Bitcoin já encontrou grandes dificuldades para melhorar nesse aspecto. Até mesmo, em certo sentido, a responsabilidade pela descentralização de todo o ecossistema de encriptação depende em grande parte do Ethereum para ser mantida e promovida.

Para entender este problema, vamos começar pela história do Bitcoin.

Em 2009, pouco depois do lançamento do Bitcoin, o estudante universitário finlandês Martti, que mais tarde seria visto como um dos pioneiros do Bitcoin, perguntou ansiosamente a Satoshi Nakamoto: o que ele poderia fazer pelo Bitcoin?

A resposta de Satoshi Nakamoto foi clara e direta (a ideia é): executar o Bitcoin.

O que significa Satoshi Nakamoto?

O que ele quer dizer é: como o Bitcoin recém-nascido, o mais importante é sobreviver, e para sobreviver, é necessário que o maior número possível de pessoas execute o cliente do Bitcoin. Quanto mais pessoas executarem o cliente do Bitcoin, mais descentralizado o Bitcoin se tornará. Quanto mais descentralizado o Bitcoin, mais poderoso ele se tornará.

Naquela época, havia muito poucos nós do Bitcoin, e era muito fácil serem sequestrados. Se de repente houvesse algum tipo de força que hackeasse os poucos clientes do Bitcoin existentes e apagasse o código-fonte do Bitcoin, o Bitcoin seria imediatamente sufocado. Aqueles que riem têm toda a razão para dizer que “a descentralização do Bitcoin é falsa”.

No entanto, o surgimento do Bitcoin criou um mecanismo que torna a descentralização possível, representando uma mudança disruptiva de 0 a 1.

Apenas essa “possibilidade de descentralização” ainda é precária. Portanto, Satoshi Nakamoto espera ansiosamente que mais pessoas operem o Bitcoin, para que ele possa florescer e dar frutos o mais rápido possível.

Em 2010, após a divulgação de eventos diplomáticos dos EUA pelo WikiLeaks, a comunidade do Bitcoin pediu doações em Bitcoin para quebrar o bloqueio financeiro, ao que Satoshi Nakamoto se opôs firmemente.

A razão dele é simples: ainda há poucos nós de Bitcoin que estão em berço, e todo o sistema ainda pode ser completamente sequestrado. Nessa situação, se o Bitcoin for envolvido em um conflito político, é muito provável que tenha um destino infeliz.

Se neste momento o governo dos Estados Unidos usar o poder do Estado para atacar o Bitcoin, o Bitcoin pode realmente ser destruído. Aqueles que riem da situação também podem dizer que “a descentralização do Bitcoin é falsa.”

No entanto, neste momento, o Bitcoin já é muito mais poderoso do que em 2009. Mesmo que o governo dos Estados Unidos utilize o poder do Estado para atacá-lo, isso se tornará bastante difícil. O Bitcoin já evoluiu de 1 para 10 gradualmente, e a descentralização começou a tornar-se forte.

Mas esse “fortalecimento” não caiu do céu, foi construído com o esforço dos participantes de cada comunidade sob o incentivo do mecanismo genial do Bitcoin, e é o resultado da dedicação e luta incansável de um grande número de pioneiros do Bitcoin.

Em 2017, a Blockstream executou Bitcoin no espaço, em um satélite artificial. O Bitcoin foi de a Terra para o espaço. Sem exagero, mesmo que a internet na Terra seja destruída, o Bitcoin ainda pode ser executado em satélites artificiais no espaço.

Neste momento, qualquer força no mundo que queira destruir completamente o Bitcoin já enfrenta uma dificuldade prática bastante grande.

E hoje, a robustez do Bitcoin nem precisa ser mencionada.

Todos esses feitos são o resultado do esforço e inovação contínuos de gerações de pessoas na comunidade. Sem o empenho incansável dessas pessoas, em qualquer um dos nós anteriores, o Bitcoin poderia ter sido facilmente destruído, e quem assistisse poderia dizer que “a descentralização do Bitcoin é falsa”.

Bitcoin é assim, Ethereum também é assim.

O esforço do Ethereum é constantemente melhorar e aperfeiçoar seu mecanismo, para que ele possa operar normalmente mesmo quando alguns nós estão sob o controle de instituições centralizadas (isso, por si só, é parte da definição do mecanismo de consenso), e não pode garantir que os nós em si não sejam controlados de forma centralizada.

Voltar ao problema que o Ethereum encontrou desta vez.

Eu vejo este problema assim:

A Amazon controlou 37% dos nós do Ethereum e lançou um ataque ao Ethereum (paralisando esses nós). Sob este ataque, o Ethereum ficou fora do ar?

Se o Ethereum falhar, então realmente haverá um problema, e a descentralização será falsa. Se não falhar, isso provará que a descentralização do Ethereum é eficaz, embora este efeito ainda não seja ideal e haja muito espaço para melhorias.

Na verdade, nesta ataque, outros sistemas que falharam expuseram plenamente o problema de “centralização” que existe neles mesmos --------- eles são controlados de forma centralizada, e uma vez que algo dá errado, as consequências são as que vimos.

Sob outra perspectiva, isso também comprova ainda mais a importância da descentralização.

Neste evento, 37% dos nós Ethereum foram controlados por “instituições centralizadas”, o que indica que a operação e manutenção dos nós Ethereum ainda não é suficientemente descentralizada. Como resolver este problema?

A comunidade Bitcoin já tem exemplos clássicos: Madi contribuiu com mais um nó para o Bitcoin, e a Blockstream ajudou a operar nós do Bitcoin no espaço. Todos estão fazendo o seu melhor para contribuir para a descentralização do Bitcoin. Sem eles, o Bitcoin não teria o esplendor e os feitos de hoje.

Da mesma forma, a descentralização dos nós do Ethereum também requer esforço da comunidade. Por exemplo: não depender exclusivamente de um único serviço de nuvem, e até mesmo tentar usar sistemas de servidores privados para operar os nós. Embora, nas condições atuais, muitos operadores de nós, por interesses comerciais, ainda não queiram deixar a Amazon, porque os serviços e a experiência oferecidos pela Amazon são, sem dúvida, os de melhor custo-benefício. Mas acredito que, após este evento, certamente haverá operadores de nós que se tornarão mais vigilantes e farão melhorias significativas.

Claro, a melhor solução é esperar que um dia o ecossistema de encriptação tenha uma nuvem descentralizada que supere a Amazon. Na verdade, esta é também a direção que o ecossistema de encriptação tem estado a trabalhar.

A descentralização do Ethereum não é falsa.

Ele resistiu efetivamente ao “ataque” da Amazon, mas ainda não está perfeito e precisa continuar a melhorar. Isso requer o esforço de toda a comunidade e precisamos realmente acreditar na base de valor da “descentralização”.